A depressão é caracterizada por um humor triste, inibição psíquica e física, distúrbios somáticos e neurológicos, sofrimento moral e vivências depressivas. A depressão neurótica surge após frustração ou situações que fazem ressurgir a insegurança. O paciente quer ser escutado e apresenta ansiedade intensa, acusa os outros e a sorte mais do que a si mesmo, queixa-se de seu estado e de sua impotência, solicitando ajuda de forma ambígua, mostra-se sensível às influências externas. Apresenta também comportamento pseudo suicida de chantagem, tem preocupações obsessivas e fobias e sofre de hipocondria.
A depressão reativa é ligada a acontecimento doloroso, porém, de intensidade e duração desproporcionais. Acomete indivíduos frágeis, com pouca confiança em si mesmos, pouco expansivos, escrupulosos, com sensibilidade anormal. A sintomatologia evolui favoravelmente com a modificação da situação que desencadeou a depressão.
Vale frisar que a maior parte das psicoses, especialmente crônicas, pode começar por uma crise depressiva.
As crises de melancolia têm quadro de depressão intensa, com grave risco de suicídio. Integra fase depressiva das psicoses maníaco-depressivas. O quadro clínico: início de instalação lenta, insônia, cefaléia, astenia, olhar fixo, tristeza, aspecto abatido, inibição psicomotora, atenção voltada para temas depressivos, linguagem bloqueada com frases raras e monossilábicas, tristeza profunda, pessimismo e autoacusação, hipocondria, desejo e procura da morte e rejeição de alimentação. Desenvolve –se depois de choque emocional ou situação de conflito. É mais frequente em mulheres. Devido à possibilidade de suicídio há risco de vida.
A evolução é espontânea – de 6 a 8 meses – e termina lentamente e com recaídas imprevistas. A retomada do sono e do apetite são sinais de volta ao equilíbrio. É indicada a hospitalização nos casos de recusa ao tratamento e grave risco de suicídio. O tratamento ambulatorial é aconselhado para os casos moderados e onde haja respaldo familiar. A psicoterapia deve ser empregada apenas entre as crises.
*Dr. Giovanni Melone é cardiologista, médico do Hospital Israelita Albert Einstein e diretor do Centro Médico Clinicuore.